Estudo Bíblico: Resgate (Part. 1)

Estudo Bíblico: Resgate (Part. 1)

Preço pago para recomprar ou livrar de alguma obrigação ou circunstância indesejável. A idéia básica de “resgate” é um preço que cobre (como na indenização por danos ou para satisfazer a justiça), ao passo que “redenção” salienta o livramento proporcionado em resultado do resgate pago. O preço de resgate mais notável foi o sangue derramado de Jesus Cristo, que tornou possível para a descendência de Adão o livramento do pecado e da morte.

Nos diversos termos hebraicos e gregos traduzidos “resgate” e “remir”, a similaridade inerente reside na idéia de um preço, ou coisa valiosa, fornecido para efetuar o resgate ou a redenção. A idéia de troca, bem como a de correspondência, equivalência ou substituição, é, por conseguinte, comum a todos. Isto é, uma coisa é dada em troca de outra, satisfazendo as exigências da justiça e resultando numa conciliação dos assuntos.

Um Preço Que Cobre: O substantivo hebraico kó·fer provém do verbo ka·fár, que basicamente significa “cobrir”, como quando Noé cobriu a arca com alcatrão. (Gên 6:14) Ka·fár, contudo, é empregado quase que exclusivamente para descrever a satisfação da justiça por meio da cobertura ou expiação de pecados. O substantivo kó·fer refere-se à coisa dada para realizar isto, o preço de resgate. (Sal 65:3; 78:38; 79:8, 9) A cobertura corresponde à coisa que ela cobre, quer em seu formato (como no caso duma tampa material, tal como a “tampa [kap·pó·reth]” da arca do pacto; Êx 25:17-22), quer em seu valor (como no caso dum preço pago para cobrir os danos causados por um ferimento).

Como meio de conciliar a justiça e resolver os assuntos com seu povo Israel, Yehowah, no pacto da Lei, prescreveu vários sacrifícios e ofertas para expiar ou cobrir pecados, incluindo os dos sacerdotes e dos levitas (Êx 29:33-37; Le 16:6, 11), de outros indivíduos, ou da nação como um todo (Le 1:4; 4:20, 26, 31, 35), bem como para purificar o altar e o tabernáculo, fazendo expiação pelos pecados do povo que os cercava. (Le 16:16-20) Com efeito, a vida do animal sacrificado era dada em lugar da vida do pecador, o sangue do animal fazendo expiação sobre o altar de Deus, isto é, até onde podia. (Le 17:11; compare isso com He 9:13, 14; 10:1-4.) O “dia da expiação [yohm hak·kip·pu·rím]” podia com igual propriedade ser chamado de “dia dos resgates”. (Le 23:26-28) Estes sacrifícios eram exigidos se é que a nação e sua adoração haviam de obter e manter a aceitação e a aprovação do Deus justo.

Algo que ilustra bem o sentido de uma troca redentora é a lei referente ao proprietário de um touro de que se sabia que era escornador. Se o proprietário permitisse que o touro andasse solto, e este chegasse a matar alguém, o proprietário devia ser morto, pagando a vida da pessoa morta com sua própria vida. No entanto, visto que ele não matara de forma deliberada ou direta uma outra pessoa, se os juízes julgassem apropriado impor-lhe um “resgate [kó·fer]”, em vez de executá-lo, então ele precisava pagar tal preço de redenção. A soma avaliada e paga era encarada como tomando o lugar de sua própria vida, e compensando a vida que fora perdida. (Êx 21:28-32; compare isso com De 19:21.) Por outro lado, não se podia aceitar nenhum resgate para o assassino deliberado; apenas a própria vida dele podia cobrir a morte da vítima. (Núm 35:31-33) Evidentemente, porque um recenseamento envolvia vidas, na ocasião em que este era feito, todo varão com mais de 20 anos tinha de dar a Deus, por sua alma, um resgate [kó·fer] de meio siclo (US$1,10), o mesmo preço se aplicando quer a pessoa fosse rica, quer pobre. — Êx 30:11-16.

Visto que qualquer desequilíbrio da justiça desagrada a Deus, bem como aos humanos, o resgate ou a cobertura podia ter o efeito adicional de prevenir ou aplacar a ira. (Veja Je 18:23; também Gên 32:20, onde ‘aplacar’ traduz ka·fár.) O marido enraivecido com o homem que tenha cometido adultério com sua esposa, porém, recusa qualquer “resgate [kó·fer]”. (Pr 6:35) O termo pode também ser usado com respeito aos que deviam exercer a justiça, mas que, em vez disso, aceitam um suborno ou presente como “peita [kó·fer]” para fechar os olhos ao erro. — 1Sa 12:3; Am 5:12.