Comentário de John Gill: 2 Pedro 2:5

introdução ao capítulo 1 da segunda carta de pedro
2Pe 2:5 - E não poupou o mundo antigo,... Em distinção do mundo presente, que agora existe; que era, por assim dizer, formado novo do mundo feito do que tinha sido destruído no dilúvio. A Vulgata Latina verte assim, “o mundo original”; e a versão Etíope, “o primeiro mundo”; e designa os antigos habitantes do mundo, como era no princípio, antes do Dilúvio; que, sendo iníquos, não foram poupados por Deus, mas tiveram um justo julgamento infligido sobre eles:

Mas salvou Noé e oito pessoas;... Não o oitavo desde Adão, como se fala de Enoque, que é dito como sendo o sétimo depois dele, Judas 1:14, porque ele era o décimo; nem deve ser lido com a seguinte clausula, “o oitavo pregador da justiça”; mas eles eram oito pessoas, ou ele, que era um dos oito, que foram salvos do dilúvio; veja 1Pedro 3:20, portanto, a versão Etíope, ao invés da paráfrase, verte, “fez permanecer sete almas com Noé; a quem ele salvou”; Hottinger (p) e Dr. Hammond (q) observam dos escritores Árabes, que a montanha em que a arca descansou era chamado Themenim; ou seja, “o oito”, do número de pessoas então salvas:

Um pregador da justiça;... Da justiça de Deus, em todos os seus caminhos e obras, e em caso dele devesse destruir o mundo por um dilúvio, como ele tinha ameaçado; e da justiça moral e civil entre os homens, tanto por palavras, durante a construção da arca, e por obras, pelo seu próprio exemplo, em sua vida justa e conduta; e da justiça da fé, ou de Cristo, pela qual ele foi justificado e da qual ele era um herdeiro, Heb 11:7, os judeus (r) dizem que Noé era um profeta; e eles também o representam também como um pregador, e até mesmo nos diz as mesmas palavras que ele usava em suas exortações para o mundo antigo (s), dizendo,

“Voltai-vos dos vossos maus caminhos e obras, para que as águas não venham sobre vós, e decepe toda a semente dos filhos dos homens:”


Mas embora Noé, um pregador da justiça, fosse salvo, os falsos instrutores não poderiam esperar da vingança divina; quem são apenas transformados como ministros da justiça, mas em verdade são ministros da injustiça; opositores da injustiça de Cristo, e vivem vidas injustas e conduta, e assim o fim deles serão de acordo com suas obras:

Trazendo um dilúvio sobre um mundo de impiedade;… Ou “a impiedade do mundo”, como רשעי ארעא “a impiedade da terra” (t); veja Sal 75:8, embora aqui, de fato, signifique um inteiro mundo de homens iníquos, apenas uns poucos foram preservados. Isto expressa tanto a maldade dos homens daquela geração, a imaginação dos pensamentos de cujo o coração era continuamente má;(1) e de cujas vidas estavam cheias de impureza, violência, rapina, opressão, injustiça, e corrupção, de todos os tipos; e igualmente o maior número deles, fora destruídos, um mundo inteiro deles fora aniquilado; e ainda assim não os impediu a ira de Deus, mas serviu para incitar cada vez mais; portanto, os falsos professores e os seus seguidores não deviam esperar serem edificados pelo grande número deles, ou esperarem ser escondidos do castigo; como um mundo de homens descrentes, porque a maldade deles era grande, e assim, Deus imediatamente os varreu a todos, com uma inundação que o Criador trouxe sobre eles; fazendo uso desse elemento, a água, como os meios da destruição deles; mas isso não deveria ser encarado como uma coisa casual que veio de si mesmo ou por casualidade, mas era do próprio Deus, que rompeu as fontes do grande abismo, e abriu as janelas dos céus, e destruiu todo o gênero humano, homens, mulheres, e crianças, e toda criatura viva imediatamente, enquanto preservava vivo Noé com os que estavam na arca: e visto que eles eram pessoas de tal caráter como aqui descritas, não se deve pensar que o castigo deles termina aqui; é a noção geral dos judeus (u), isso

“A geração do Dilúvio não terá nenhuma parte no mundo por vir, nem se levantará no julgamento.”



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Notas
(p) Smegma Orientale, p. 251, 252. (q) In loc. (r) Aben Ezra em Gen. viii. 21. (s) Pirke Eliezer, c. 22. (t) Targum em Sal. xlvi. 8. (u) Misna Sanhedrin, c. 11. sec. 3. Vajikra Rabba, sec. 4. fol. 149. 1. Yalkut Simeoni, par. 2. fol. 89. 2.
(1) Cf. Gênesis 6:5. N do T.